




Escolher uma profissão não é tarefa fácil, mas se destacar no que faz é ainda mais difícil. Atores que deram seus primeiros passos na cidade de Jales fazem sucesso em grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro. Ítalo Sasso, 21, e Eduardo Bartolomeu, 26, são exemplos disso. Eles têm em comum sua primeira formação – a ELITE - Escola Livre de Teatro de Jales.
Eduardo está no elenco do Teatro Vento Forte, em São Paulo, com a peça infanto-juvenil “Chico Lenhador”, dirigida por Ilo Krugli. O espetáculo, que estará em cartaz até o final de fevereiro, conta a história de um quarto rei mago que é brasileiro. “O que mais me estimula a participar deste trabalho é a possibilidade de ter um espaço fértil para experimentar livremente a expressão. Ilo é extremamente exigente, inquieto e instigador. Se trata de um projeto que convoca um ator brincante mergulhado poeticamente na cultura humana e brasileira”, diz Eduardo.
O ator começou a fazer teatro com 10 anos de idade, no núcleo infantil da ELITE. Destacou-se com o tempo, fez parte de espetáculos que ficaram marcados na cidade como “Sacra folia” (CIA Drummond) e “O Mágico de Óz” (Arterial Trupe), dirigiu, entre outras peças, Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues e integrou a equipe de professores da Escola.
Embora nunca tenha parado de se envolver com arte que mais gosta, quando saiu de Jales, Eduardo foi educador em Francisco Morato, município da grande São Paulo e, mesmo na rede de ensino, acabou desenvolvendo muitos projetos de teatro e cultura popular com crianças e educadores. Conhecido pela sua criticidade, o ator diz ter parado de dar aulas por não acreditar mais no sistema educacional. “Comecei a me sentir meio sujo compactuando com uma espécie de crime que vem sendo cometido com as crianças nas escolas e simplesmente parei. Foi esta ruptura que me fez olhar para outras portas e entrar para o espetáculo do Vento Forte”, diz.
Ainda em Francisco Morato, desenvolve trabalho no Teatro Girândola, grupo que fundou com mais três amigos. Com sua vasta experiência, Eduardo fala da dificuldade em ser um profissional nessa arte. “É curioso como o teatro em São Paulo, com todas as conquistas que obteve como a Lei de Fomento que beneficia grupos importantes de estrada e outros com caminhada curta, ainda sofra tantas ameaças”, finaliza.
Ítalo seguiu passos parecidos e está trabalhando no Núcleo Experimental do Teatro Augusta, em São Paulo com o drama “Coronado” de Dennis Lehane (autor do livro Meninos e Lobos). O espetáculo, dirigido por David Rock, está em cartaz as quartas e quintas-feiras no Teatro Augusta. Segundo ele, dos cerca de 500 atores, apenas nove foram selecionados. “Saí arrasado do teste porque conhecia o trabalho de muita gente talentosa que estava lá, mas fiquei surpreso com o resultado. O processo de montagem foi difícil. O meu personagem Bobby, um bandido que acabou de sair da prisão, é muito diferente do que eu sou”, conta.
Na Elite, Ítalo entrou com 10 anos e, com o tempo, mostrou sua competência em vários espetáculos, participou da peça “Jó – Capítulos e Versículos”, do grupo Arterial Trupe, trabalhou na companhia de Milton Aranda e coordenou a Trupe do Tio Ítalo. Apesar de estar atuando em São Paulo, ele saiu de Jales para morar no Rio de Janeiro, onde fez e ainda faz vários cursos. Um deles é o da CAL - Casa das Artes de Laranjeiras. “A ELITE é a principal base da minha carreira. Se não fosse pelos professores Clayton Campos, Sonia Secco, Eduardo Bartolomeu e Edney Gusmão, eu não teria saído de Jales preparado”, explica o ator que já gravou um comercial, fez participação na novela Malhação e fechou um contrato na rede Globo, fato que ainda não pode comentar.
Destaque no vestibular Larissa Altemar, 18, já começou a fazer parte dessa lista de grandes sucessos. Ex-aluna e monitora do núcleo Pequenos Atores da ELITE, ela passou no vestibular de Artes Cênicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Essa é a segunda vez que consegue se classificar na prova, já que prestou um ano antes, apenas como treinamento.
A jovem diz que foram as simples aulas na ELITE que a ajudaram a enxergar o teatro como uma profissão, além de deixá-la segura durante o vestibular. “As atividades e as técnicas que os professores me ensinaram foram suficientes para me posicionar a altura dos alunos do Palácio das Artes, umas das melhores escolas de teatro de Belo Horizonte. Agradeço o apoio que todos me deram”, diz.
Clayton Campos fez questão de deixar registrado seu carinho. “Larissa é mais um exemplo de amor, dedicação e profissionalismo”, comentou no blog da Escola.
Quem deseja fazer teatro, pode se matricular no curso de Formação de Atores da ELITE. Basta se dirigir a secretaria da Escola, fundos do Teatro Municipal. Maiores informações pelo telefone (17) 97097373 ou pelo e-mail elite-escoladeteatro@hotmail.com. Para conhecer um pouco mais sobre a Escola também está disponível o blog: www.elteatrojales.blogspot.com.