segunda-feira, 28 de junho de 2010

Ponto de Cultura Elite participa do VIII Congresso de Prevenção das DST e AIDS



"Diário de meninos e sonhos" trata de AIDS, preconceito e solidariedade com o público infantil

Do dia 16 a 19 de junho foi realizado em Brasília, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, o VIII Congresso de Prevenção das DST e AIDS e o I Congresso Brasileiro de Prevenção das Hepatites Virais. O Estado de São Paulo foi representado no evento pelo Ponto de Cultura ELITE – Escola Livre de Teatro de Jales, depois de ser selecionado em edital a nível nacional que aprovou apenas seis grupos teatrais.

O espetáculo da ELITE elegida no edital é “Diário de Meninos e Sonhos”, uma adaptação da cartilha “Daniel e Letícia, falando sobre AIDS” criada pelo Grupo de Incentivo a Vida (GIV) e pela Casa de Siloé. A peça foi representada na sexta feira, dia 18 e, alguns dias antes, o Ponto de Cultura Escola Livre de Teatro foi convidado a se apresentar na Mostra de Saúde e Educação realizada no mesmo local, dia 14.

A ELITE já trabalhava com o tema saúde desde 2007 com a peça Auto da Camisinha, a qual trata da importância do uso do preservativo para evitar as doenças sexualmente transmissíveis. “Com o objetivo de trabalhar a mesma temática com o público infantil decidimos montar Diário de meninos e sonhos”, diz Lisandra Campos, produtora do espetáculo. O elenco é formado por Clayton Campos (que além de ator assumiu a função de diretor), Carlos Mello, Viviane Fernandes e Raimundo Nonato (que também é dramaturgo responsável pela adaptação).

O espetáculo conta a história de Daniel, um garoto soropositivo e de Letícia, uma garota soronegativo, que por meio de uma bonita amizade conseguem mostrar que é possível viver com a AIDS. Com um visual colorido que se utiliza de bonecos, ele trata de forma simples e direta um assunto tão complexo e pouco abordado com o público infantil que é a questão da AIDS, do preconceito e da solidariedade.

Pablo Peixoto, integrante do grupo O Hierofante, companhia de Teatro de Brasília, que trabalha há 11 anos com o Auto da Camisinha, diz que conheceu os integrantes da ELITE em um evento em São Paulo no ano passado e que nesse Congresso teve a grata surpresa de ver uma nova montagem, que tem uma abordagem totalmente diferente da que ele já viu. “Levar para a criança essa mensagem é um ineditismo, pois usando o lúdico e os elementos do teatro, a peça traz de forma direta e clara o universo delas, suas brincadeiras e seu ambiente escolar”, explica.

Para Anderson Floriano, também integrante da companhia de Brasília, o que mais lhe chamou a atenção foi a relação entre as duas crianças. “Acho que a beleza das coisas está na simplicidade e o espetáculo tem isso. As crianças conseguem lidar com seus problemas, suas tristezas de modo muito natural, para elas, uma doença como a AIDS é tratada da mesma forma que outra, já que essa questão é desmistificada e o preconceito não existe. O grupo está de parabéns e o espetáculo tem tudo para dar certo”, afirma.

“Achei legal, gostei das brincadeiras, diz a pequena Kawana, de sete anos, após ter pedido autógrafo para Viviane, que faz a personagem Letícia.

Viviane Fernandes

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Vasta programação marca aniversário de três anos do Teatro Girandolá



“Ser brincante não é uma prerrogativa de nascer dentro do bumba-meu-boi do Maranhã”, foi um dos argumentos que extingo muitas pessoas a participarem da palestra “O ator Brincante”, com Dinho Lima Flor, realizada na noite de quinta feira (dia 10 de junho) no Teatro Girandolá que fica na Avenida São Paulo, 956 – Vila Suíça na cidade de São Paulo.

Na perspectiva do grupo Vento Forte, que há 37 anos se aproxima da cultura popular brasileira para criar seu trabalho, é possível ser um ser brincante fomentando o lúdico, a arte, no local em que se vive. Na palestra, Dinho falou um pouco da relação entre teatro e cultura popular, entre o ator e o brincante.

A programação de atividades, que começou dia 5 de junho com exposição de fotos “O gosto da Fruta” de Mariana Moura e com a apresentação das cantoras Gleiseane Pinheiro e Monalisa Neves, marca o aniversário de três anos do Teatro Girandolá, um ano do informativo Ôxe e um ano de Espaço Girandolá.

No dia 6 (domingo) também teve a “Ciranda cor de Prata”, liderada pelo Seu Júlio Cirandeiro e realizada no vão da Caixa Econômica Federal (ao lado do Shopping Center Casa Grande) e exibição de filmes como “O Estranho mundo de Jack” e “Jecão, um fofoqueiro no céu”.

E a programação não para por aí, dia 12 tem Oficina Rodopiar com brinquedos e brincadeiras para crianças com Eduardo Bartolomeu e Rita Rozeno, às 10h e espetáculo teatral “Cordel do amor sem fim”, com a Cia Teatro em Carne e Osso, às 20h30.

Dia 13 tem o espetáculo “Conto de todas as cores, criação do teatro Girandolá, às 11 horas, vídeos no espaço com exibição de Cocoricó e Um caipira em Bariloche, às 16h e às 18h. Dia 17 tem palestra “A criança e o brinquedo com Rita Rozeno às 19h30. Dia 19 tem Diálogos moratenses “Pra quê rodeio?”, às 17 horas.

Dia 20, Vídeos no Espaço com exibição de “A fantástica fábrica de chocolate e Tapete Vermelho, às 16h e às 18h. Dia 25, Mostra de processo do espetáculo teatral Aruê (Teatro Girandolá), às 20h30. Dia 26, Festa de Oxandolá no Espaço Girandol, às 21h. Dia 27, Vídeos no espaço com “As crônicas de Spyder Wick e Marvada Carne, às 16h e às 18h

Para se inscrever nas programações, os interessados são convidados a pagar o quanto puder. “A pessoa paga o que for possível para ela, o quanto tocar no coração”, explica Eduardo Bartolomeu, membro do Teatro Vento Forte. A programação completa pode ser encontrada no blog: teatrogirandola.blogspot.com

Viviane Fernandes

quarta-feira, 2 de junho de 2010

II Encontro de Pessoas vivendo com HIV/AIDS de Bebedouro




Evento uni lições de vida e arte para mostrar que é possível viver com a doença

Fechar-se em casa para se proteger de todo o tipo de preconceito perante a sociedade não é a melhor forma de conviver com a AIDS. Foi o que mostrou o II Encontro de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS de Bebedouro que reuniu cidades de várias regiões do estado de São Paulo.

“Mesmo tendo a sorologia positiva, é possível aceitar essa condição e a necessidade do tratamento e, a partir daí, enfrentar os obstáculos. A sorologia não nos anula da sociedade. Devemos mostrar que, independente disso, somos cidadãos, pagamos nossos impostos e temos sim condições de contribuir para o crescimento do país”, argumenta um dos palestrantes, José Marcos de Oliveira, coordenador e conselheiro do Conselho Nacional de Saúde.

Renata Soares de Souza, também palestrante do evento, veio da cidade de Presidente Prudente, para deixar aos colegas a mensagem de que todos têm um potencial. “As pessoas que convivem com o HIV precisam descobrir suas potencialidades e aptidões para que possam se aperfeiçoar e voltar ao mercado de trabalho”, diz.

TEATRO COMO MENSAGEM

O Ponto de Cultura ELITE – Escola Livre de Teatro de Jales, convidado a participar do evento com dois espetáculos “Auto da Camisinha” e “Diário de Meninos e Sonhos”, deixou a mensagem por meio da arte.

A primeira apresentação ensina a relevância de se prevenir das DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) com o uso da camisinha na comédia de um casal que marca a primeira relação. Já o segundo, emocionou o público que se identificou com a história de duas crianças, Daniel e Letícia, um menino soropositivo e uma menina de soronegativo que constroem uma bonita amizade, livre de preconceitos. A peça mostra o medo das pessoas em dizer que tem a doença, a falta de informação, como é possível conviver com isso e a importância da solidariedade.

“A forma artística para lidar com esse tema é muito válida. É ótima a mensagem deixada em uma linguagem simples. Recomendo a todos assistirem a esses espetáculos”, conta a palestrante Renata.

O elenco é formado por cinco atores: Clayton Campos, Carlos Mello, Raimundo Nonato e Viviane Fernandes. Para a produtora do grupo, Lisandra Campos, presidente do Conselho de Saúde de Jales, o evento também é interessante para os atores. “A participação deles é significante para que possam compreender ainda mais a doença, conhecer diferentes pessoas que convivem com ela, entender melhor seus sentimentos e os obstáculos que enfrentam”, ressalta.

LIÇÃO DE VIDA

Também foi levantado pelos palestrantes e até pelos participantes do Encontro que convivem diariamente com a doença, que vencer os desafios da vida é difícil para todos, mas para quem é infectado pelo vírus HIV, é preciso ter ainda mais coragem.
Exemplos de superação não faltaram para incentivar aqueles que, há pouco tempo, descobriram a sorologia positiva. Albertino Rodrigues Barbosa, 53, de Barretos, soropositivo há 15 anos, explica como a doença se tornou uma benção em sua vida porque lhe ensinou a viver, conviver com as pessoas e respeitá-las.

“No começo foi muito difícil. Eu me sentia um coitado, deprimido e inútil. Aos poucos descobri que não era nada daquilo, pelo contrário, eu era um ser humano e cidadão como qualquer outro. Engajei-me em um movimento de AIDS há 10 anos, que fez com que eu enxergasse o mundo de outra maneira. Com a AIDS eu perdi uma vista, mas ganhei o mundo que enxergo com mais clareza”, expõe Albertino

Ricardo Thonaz Silva, 41, de Bebedouro, enumerou diversas dificuldades familiares e de saúde por que passou depois de descobrir sua sorologia e hoje pode ser considerado um vencedor. “Eu estou bem, tenho uma pessoa ao meu lado que me faz muito feliz e que tem a mesma sorologia que a minha”, diz com muita satisfação.

A mesma garra e vontade de viver são demonstradas por Claúdia Pereira Alves da Silva, 40 anos, de Bebedouro, mãe de três filhos, que descobriu há 12 anos que é soropositivo. Após passar por diversas crises de depressão e aceitação consegui superar.

“Mato um leão por dia. Tive uma falha terapêutica e hoje preciso tomar seis medicamentos pela manhã, dois no almoço e seis no jantar e isso não me impede de viver, namorar, ser feliz. O HIV não tem a cara de pessoas doentes e magras como antes, ninguém percebe que eu tenho a doença se eu não falar. O preconceito é grande, primeiro temos que nos amar para que, em seguida, possamos ser aceitos”, aconselha Claudia.

Viviane Fernandes